21.12.11
7.2.08
"SALON"
Bem, já está na altura de continuar a contar mais uma das nossas aventuras,
E chegou a vez do Salon, leia-se em françês sil vous plait : "Salon"
Este foi o grande projecto da Bambolina a nivel de trabalho, emoção, execução e ... e... e.... tanta coisa.
São tantas coisas que nem sei por onde começar.
Vou tentar do principio.
Estavamos já com alguma vontade de fazer algo com uma dimensão maior, sair de bares e restaurantes e encontrar uma sala para estrear um espectáculo, todo criado de origem.
A Rita atreveu-se a escrever num português mais romântico, se assim se pode dizer, uma bonita história de resistência e amor á arte.
Remonta á época em que a arte era admirada e vivida em grandes salões de casas particulares com as paredes empilhadas de obras magnificas que destoavam de cores e traços mas onde cada uma delas teria honra de existência. Onde cada uma delas seria admirada sob a leve e cativante musica desconhecida que entoava poemas e novos pensamentos artisticos fundamentados por emoções reais. De artistas reais a quem lhes era negada a sua forma de expressão artistica.
Tendo o texto,conseguimos reunir o primeiro elenco de onde eu faria parte e então deitar mãos á obra.
E que obra...
Muitas voltas se deram até que me convenceram a saltar do elenco para a encenação... ui, que loucura! Mas eu gosto de loucuras e, a bem da verdade, era uma honra poder contar esta história e transportar o público a essa realidade.
Pecisavamos de espaço, um teatro.
Depois de algumas e felizes ajudas que nos foram oferecidas, conquistamos uma sala fechada. Uma sala que trazia uma bagagem de histórias e êxitos consumados.
O Teatro Gymnásio, hoje conhecido como cine-teatro gymnásio no bonito espaço chiado.
O local era perfeito, antigo, acolhedor e com uma resistência incalculável á sua destruição.
Paralelamente a esta busca do local perfeito já tinhamos dado inicio ao processo criativo, ensaios... música... coreografia...
E o que nós riamos... e desesperavamos... e riamos outra vez.
A melhor equipa!
Texto da Rita, produção da Sininho e da Carochinha que acumulava com a sua forte arte de representar, a procura de novos investidores e parceiros que sem eles não poderiamos existir.
O Sérgio Delgado foi responsável pela musica que até hoje cantarolamos diariamente e o Zé Arantes, como não poderia deixar de ser, criou todas as coreografias que nos fizeram dançar tão alegremente durante os bons longos meses que passámos juntos, e com a boa ajuda da Adriana Carvalho mantinhamos as coreografias sempre impecáveis.
Ah! E Gonçalo e a sua "way of arts", uma linda casinha na costa do estoril onde ainda hoje se vive o ambiente dos verdadeiros "salons" e se pode apreciar muito boa arte, que nos ajudou a criar o ambiente de verdadeiro Salon onde com a Rita juntaram cerca de 30 artistas plásticos e nos rechearam a sala mantendo as suas obras na paredes tal e qual como nos verdadeiros Salon's. Estava lindo! (vou pôr fotos)
E agora, mas não por isso o menos artistico, a querida Mãe Ana que com o seu enormissimo talento me ajudou a criar e executar os loucos cenários que imaginava quando me ia deitar e todas as transformações cénicas e soluções teatrais que acentuavam o ambiente perfumado e mistico do "nosso Salon"
Também a Mestra Fátima Ruela punha em práctica guarda-roupa que me vinha em ideia nessas noites de insónia cheia de ganas de estrear.
O Sr Fernando, grande mestre de palco desse belo coliseu que de um palco de 8x12 nos trouxe á vida um digno palco de tábuas e cortina, tão bonita que ficou feita pelas doces mãos embebidas de histórias da querida Mestra Fátima ao som da velha mas segura máquina de custura.
O Hugo que nos criou uma verdadeira "Aldeia de Luz" com todo o material cedido muito gentilmente pela emav e pelo vizinho e experiemte teatro da trindade. Aqui deixo um agradecimento especial ao Francisco Ribeirinho e ao Rui Sérgio que acreditaram em nós e nos ajudaram com todo o equipamento. Um luxo. (a ver nas fotos).
O Luizinho e o Sebástian, que entraram nesta loucura tão saudável e enriquecedoura, e todas as noites naquela pequena mas muito acolhedoura régie controlavam essa arte de tratar do som e da luz , das vozes e ambientes que naqueles serões ouviamos existir. Eram eles no fim de contas quem mais suavam ... tremiam e estavam duas horas em total sintonia com o bom elenco.
O elenco... que tão bem trouxe á vida as nossas personagens
A Patricia De Brito que nos trouxe á vida com uma força inesgotavel a gigante e talentosa Natividade
A Matilde Mello Breyner que nos deu a conhecer com o seu bom talento a jovial e tão divertida como descarada Mimi
A Sofia Froes que deu vida á voz doce da Virginia
O Fernando Ferreira desempenhou uma imponente e majestosa interpretação do Eugênio
O Miguel Simões delicado actor que tão bem interpretou o amargurado Marcelo
Todos, de uma terna forma criaram a nossa Rebeca, cuja voz tão serena e marcante nos foi oferecida por uma mestra de fazer arte, Obrigada Maria Dulce
O Mestre Rui De Luna que preparou os delicados intrumentos dos nossos actores. A ele o especial carinho.
Patrocinios e apoios sem voçês nada disto seria possivel
Falta-me falar-vos de uma pessoa muito especial, uma menina, senhora... mulher e actriz que muito respeito e que assumiu o cargo de contra-regra deste espectáculo abdicando da boca de cena para o bastidor, a coragem de desenvolver o seu trabalho como actriz através do bastidor, de quem segura o actor, de quem nos sustenta e nos dá suporte para da melhor forma levar-mos o público a viver esta história. Foste um exemplo Mariana (Amaral)
Deixo-vos com alguns momentos do "Salon", e a toda esta magnifica equipa, e todos os que em nós acreditaram e connosco trabalharam
Bem hajam, guardo esta experiência com a maturidade para reconhecer as dificuldades e muito tesão (peço desculpa e passo a expressão mas é a palavra mais adequada) para novas que virão.
5.12.07
Era uma vez...
A paixão pelo teatro nasceu comigo, mas foi reforçada quando a partilhei com a Ana e com a Patrícia (leia-se "Princesa" e "Carochinha"). Tudo começou com os Amigos no Palco em 1995. Tive a sorte de me estrear no Coliseu. Era um espectáculo de solidariedade, uma “brincadeira” entre amigos, isso não tirou a importância e a magia daquela noite para mim. Foi a realização de um sonho antigo, embora eu só tivesse 11 anos!
A partir daí foi agarrar todas as oportunidades e aproveitá-las ao máximo. Os Amigos no Palco passaram a ser uma constante nas nossas vidas. Primeiro eu, a Ana e a Pat, depois juntaram-se a Rita Fernandes e a Paula Neves, no ano seguinte a Maria do Mar e a Ana Rita. Os textos eram maioritariamente escritos pela Ana. Ainda eu não tinha descoberto esta parte…
A minha entrada na Bambolina aconteceu quando estava no terceiro ano da universidade. Depois de algumas experiências falhadas em estágios que nada tinham a ver comigo, resolvi pedir uma ajuda ás bambolinas. Claro que me responderam com aquele jeito típico delas: “temos trabalho para ti, sim senhora! Prepara-te que vais trabalhar muito.”. Marcámos uma reunião e lá fui ouvir o que a Sininho me tinha para dizer. Muita coisa, claro. Porque se há coisa que ela mais gosta é de falar! Primeiro que tudo, tive que escolher a minha personagem! Respondi logo que queria ser a Cinderela. Não pela personagem em si, não é das minhas preferidas, mas o nome sempre me soou bem. Mesmo quando o estágio acabou continuei a ser a Cinderela. Se calhar porque elas já sabiam que eu ía voltar!
E voltei mesmo. Depois de mais um estágio falhado, desta vez em Madrid, a Princesa propôs-me vir trabalhar com ela. Depois de curtir o meu Verão (!!!) pedi à Ana que me desse trabalho. Sem hesitar, a Ana respondeu imediatamente: “Sim, tenho trabalho para ti. Vamos pôr a Bambolina a funcionar”. E assim foi, entrei em Outubro e começámos logo a trabalhar nos projectos que tínhamos. Primeiro a peça Casal Homespace. Com a Ana e o Rui Mello. A peça foi escrita por nós as duas e, modéstia à parte, estava muito cómica! Foi Um sucesso. Mas isso fica para outro post. Depois, a festa do canal Panda, com a peça “Bruxa Vada e os seus feiticeiros”. Será que me estou a repetir demais, se disser que foi um sucesso também? Depois o Cabaret. Desta vez não se tratava de uma peça de teatro, mas sim do aluguer de guarda-roupa. Vestimos 12 meninas de cabaret para a entrega de prémios de publicidade Sapo, no Maxime. No domingo passado, a Princesa foi ao Só Visto, programa da RTP, fazer um sketch também feito por nós. Com a personagem Nintá, a repórter espanhola. Estes foram os projectos que já realizei aqui na Bambolina. Mais projectos virão e nós cá estamos para os receber. Até lá, vamos organizando a nossa produtora, da melhor maneira. Porque se continuar assim, estamos no bom caminho!!
Cinderela
20.9.07
"Baloiço"
Primeiro começou por ser apenas uma brincadeira para bares, depois a minha querida mana que tinha chegado de terras Londrinas onde espalhava a sua arte, e já há tanto tempo que tínhamos muita vontade de trabalhar juntas... que assim foi.
"mas como? explica lá...",
"assim tipo... Cabaret", dizia eu,
"mas tu estás doida com Poesia?",
"sim, a Rita faz a selecção dos poemas, o Hugo faz o desenho de luz, Falamos com o Zé e ele faz-nos uma coreografia, e o Lawrence põe som", insistia eu.
" ah, e vamos ter um baloiço onde andamos as duas", acrescentei.
Consegui!
O Zé Arantes é um bailarino (do mundo) por excelência que nos brindou durante muito tempo, com coreografias cheias de criatividade em tantos programas de TV dos anos 80 e 90, e não só.
Um profissional do teatro musical que desde sempre admirei e respeitei muito, e um dia veio a tornar-se num bom e grande amigo.
Foi o Zé que fez toda a coreografia, também participava e teve a boa ideia de nos apresentar á querida Marinela que não hesitou na nossa proposta e também entrou, fazia um numero de sapateado.
E tínhamos uma acção de charme com o público que era:
Na entrada recebiam uma caixa de fósforos (com a imagem do espectáculo) e no final no momento de sapateado da Marinela, o público, juntamente connosco fazia ritmos sobre os quais ela dançava. Muito animado.
A estreia foi no bar L em Santos no dia dos anos da Sininho.
Uma emoção.
É um dos tais que se mantém vivo e como repertório de animações.
Até breve
Ana
19.9.07
"Poste Scrite"
(Este deveria entrar entre o NTEPA I e o II, mas depois trato disso)
Um projecto muito rápido, onde se liam diferentes cartas de diferentes formas.
Um espectáculo criado para ir a bares e restaurantes, a estreia foi na minha querida terra de coração, Azeitão, nesse "Alvorada" onde tanto dancei. Estava cheio os bons amigos de infância que recheavam as primeiras filas , e não só, acho que perdi dois quilos nesse espectáculo, ah e foi o primeiro onde a Sininho me viu actuar pela primeira vez em teatro, depois da tal reunião que tivemos as três em casa da Rita.
Ainda vendemos várias vezes este espectáculo, em Lisboa, Figueira da Foz... tanto este como o NTEPA, I e II andaram na estrada (acho que vou ter que fazer um post só para as digressões da Bambolina).
É uma peça que tenho oito personagens e faço a alteração em cena, um pouco como a "Super Mulher" mas com os textos da Rita mas que as personagens são exemplos bem típicos portugueses, da alentejana ao taxista, passando por uma imigrante em França e por ai fora.
São personagens que mantenho em repertório, e as vezes a trago á vida em espectáculos para empresas e algumas festas, leia-se por favor sem esse sentido "malandro", que eu sou uma rapariga séria. Levo a... "irmã da aniversariante" ou... a "prima dos noivos", ou... "patrão de determinada empresa".
Este é um dos fortes conceitos da Bambolina, levar o Teatro ao público. Fazer com que se sintam bem, para que tenham mais vontade de sair de casa e conhecer os bons espectáculos que cada vez mais a nossa cidade tem para oferecer.
Até já,
Ana
"Nao te esqueças de puxar o autoclismo" (II)
Mas desta vez , com mais segurança.
O Actor agora era o António Machado, ao Gonçalo deram-lhe o cargo de actor do Teatro Trindade numa peça histórica, que honra, e que boa peça.
Consegui finalmente que o António fizesse o projecto connosco, desta vez estava disponível para trabalhar e verdade seja dita, percebeu que para além de "loucas" em arriscar, éramos capazes! :)
Foi então que conhecemos a aquela que viria a ser a Sininho (esta parte já lá vamos). A Filipa Paes de Souza. Uma mulher de garra, vestida de amarelo (a sorte no teatro) e apaixonada tal como nós por esta arte. Com outra perspectiva. A produção.
Estou a ver... como se fosse hoje... em casa da Rita... que bom!
E assim começávamos a reunir as forças certas para a execução de um projecto não só profissional mas acima de tudo que vinha de uma enorme paixão das três. Para a Rita a paixão por escrever, para a Filipa a produção e para mim, acho que já sabem... a representação.
E de repente éramos uma companhia, pequenina mas muito forte. Já tínhamos um espaço nosso no Musicais como sala de produção e camarim, bem organizado. decorado, era o nosso espaço.
A Filipa tratou de toda a produção burocrática, com uma perna as costas nunca vi ( pode ver-se a diferença na qualidade do cartaz, dos apoios e patrocinadores que acreditaram em nós - Obrigada), mas acima de tudo com uma noção prática de tudo o que envolvia o projecto e uma criatividade fervescente. O trabalho de ensaios desenvolveu-se entre disciplina e gargalhadas, a imprensa com vontade de conhecer mais o projecto, e quando cheguei à cena para o dia da estreia e olhar a sala.... não queria acreditar estava mega. Tínhamos mudado o cenário de local, o musicais não parecia o mesmo e a luz, Hugo... linda.
Tive que fugir o nosso querido e amigo público estava a entrar...
Continua...
Ana
" Não te esqueças de puxar o autoclismo" (I)
Texto feito, passo seguinte: temos que arranjar um actor!
E assim começamos nessa complexa busca de encontrar um actor que se disponibilizasse a trabalhar, sem ganhar ordenado, ensaiar muito para levar-mos á cena a nossa comédia, que ainda não tínhamos ideia onde.
Encontramos! Espaço e actor.
O Gonçalo Dinis vinha com uma sede de fazer teatro, e assim foi, com os divertidos ensaios a decorrerem encontramos um bom espaço , diferente mas que nos daria muito trabalho para fazer a nossa peça.
O Musicais! Venha ao teatro beber um copo! (queríamos silêncio mas convidámolos a vir fazer barulho, pelos menos tínhamos público)
Também contámos com a preciosa ajuda do José Pedro que nos fez um cenário que dura até hoje. Obrigada Zé Pedro. E ainda tivemos um simpático produtor, mas, foi só durante algum tempo, alguma coisa aconteceu,um dia disse nos que tinha que ser sincero gostava muito de nós mas que queria mudar de profissão... ok nós aceitamos, e ele...virou pasteleiro.
No final, e contas feitas estivemos dois ou três meses em cena, em que a primeira prioridade era pagar os microfones. Foi aqui o inicio de uma muito boa amizade e relação profissional com duas grandes figuras humanas, uma maior que outra... o Pedro sá Chaves e o Hugo Coelho, a equipa tecnica do Musicais.
Sentávamos-nos os três, o Gonçalo a Rita e eu, a contar o dinheiro da bilheteira, retirar o referente aos micros, e dividir o restante pelos três, para ti, para ti e para mim, para ti, para ti, e para mim...
Correu bem, tivemos publico, pagamos os micros, e ainda conseguimos amealhar um poucos euros.... com a promessa de voltar!